Durante as quatro semanas da temporada internacional de desfiles para a primavera 2010 fiquei pensando como estruturar esta coluna. A cada balanço de tendência que publiquei de Nova York, Londres, Milão e Paris ficava pensando na profecia da “morte das tendências”. Não que eu acredite que elas realmente vão acabar porque é a partir delas que o consumo de moda sobrevive. Mas é o modo como elas são pesquisadas e interpretadas que mudou, ou melhor, morreu.
A temporalidade das tendências não existe mais, simplesmente porque não existe tempo para isso. As passarelas mostram uma profusão de looks drapeados? Fora delas, nas fotos de street style, todo mundo já está usando. Transparência é a tendência número 1? As lojas já tem vários modelos assim. A internet atropelou etapas e tornou o processo de consumo ao mesmo tempo mais rápido e duradouro. Explico: com exceção de alguns modismos muito marcantes (ex: anos 80), passamos a aderir rapidamente a uma tendência, porém já não sentimos necessidade de descartá-la logo e ao longo de duas, três e até quatro estações vamos usando adaptações daquilo.
Drapeados na passarela da Lanvin e fora dela (Face Hunter)
Sem dúvida, isso significa mais liberdade para o consumidor, mas um sério problema para você, querido varejista, pois o seu cliente ao mesmo tempo que quer velocidade de novidades não quer descartar certos estilos após poucos meses de uso. Complexo, não?
Rendas e transparências na Chanel e nas ruas (The Sartorialist)
É por isso, que a atitude mais sábia é construir impecavelmente o DNA da sua marca e ter muita clareza de quem é o seu consumidor. Ela é da geração Y? Então é fugaz e difícil de ser surpreendida. É da geração X? Provavelmente está equilibrando carreira e vida familiar e não pode perder tempo. É baby boomer? Apesar de ser um segmento ignorado, é um nicho poderoso.
Depois desse diagnóstico, avalie o cenário das macro-tendências, ou seja, aquelas tendências de comportamento que estão norteando o consumo mundial. Destaco três temas importantes para o próximo ano:
– Consumo consciente: não é novidade que o consumidor está mais ecológico e quer saber das origens do produto que está comprando. Porém mais do que isso, ele quer comprar roupas de valor real (tanto faz caro ou barato, mas ele precisa acreditar), peças que vão durar em seu armário e que atendam suas necessidades de vida. Pense nas coleções de Stella McCartney e Phoebe Philo, agora na Céline. As próprias estilistas são as melhores garotas propagandas de suas marcas e porta-vozes das mulheres da mesma geração.
Stella McCartney
Phoebe Philo para Céline
– Techno Fashion: esta temporada provou que a indústria está plugada na internet. Desfiles transmitidos ao vivo de Burberry, Alexander McQueen, Roland Mouret e Louis Vuitton, blogueiros famosos na primeira fila da Dolce & Gabbana e D&G, interatividade com os consumidores. Se a sua marca não tem blog, Twitter e Facebook, desculpe, mas você já está em desvantagem.
Imagem do desfile de McQueen: a transmissão foi feita em parceria com a ShowStudio de Nick Knight
– Lúdico: apesar de tanta tecnologia e mais pé no chão, o consumidor ainda precisa sonhar e escapar. O romantismo e a fantasia apareceram sob a forma nostálgica dos espetáculos de vaudeville, das peças teatrais, óperas, balés e do cinema mudo. Reveja os desfiles de Marc Jacobs, Temperley London e John Galliano e entenda melhor.
Marc Jacobs e John Galliano
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