De uma loja de decoração para as passarelas. Será possível? Sim, com doses de surrealismo e lembranças de desfiles de Viktor & Rolf (casacos-travesseiro) e Hussein Chalayan (vestido-mesa), Samuel Cirnansck fechou o segundo dia de SPFW inspirado em Thomas Chippendale, o marceneiro inglês que no século XVIII revolucionou o mobiliário. O surrealismo ficou por conta dos abajures usados como chapéus e dos vestidos de capitonê, imitando os volumes de um sofá.
Mesmo com uma idéia tão conceitual, o desfile teve momentos bem reais e sofisticados na silhueta anos 40 dos vestidos de lã nos joelhos com ombros destacados, nos longos tomara-que-caia com bordados – alguns imitando tapeçaria – e na cintura marcada por cintos finos. Os detalhes de transparências feitas de silicone, as peças em couro e as calças bombacha com camisas de organza também foram ótimos momentos. Na cartela, cinza, preto e branco, além de toques de nude, vermelho e dourado. O vestido-mesa usado por Bruna Sotilli lembrava, de costas, os paniers da França pré-revolucionária. Porém, a intenção aqui era divertir e mostrar que uma idéia ousada pode se transformar em várias peças usáveis. Samuel deu seu recado.
Fotos: Agência Fotosite