O Futuro do Mercado de Luxo no Brasil

Nos anos 90, a Daslu chamou a atenção do mundo como o primeiro grande centro de luxo brasileiro. Quando o país ainda nem sonhava em ocupar a posição de economia emergente e integrar o time de BRICs (Brasil, Russia, India e China), o consumo de produtos de luxo era algo além da nossa realidade, feita apenas pelos muito ricos, geralmente em viagens para o exterior. Hoje a situação mudou bastante e a maioria das marcas antes só vendidas na Daslu possui mais de um espaço próprio: a Louis Vuitton tem seis lojas e a Salvatore Ferragamo, oito unidades. Hermès, Gucci, Carolina Herrera, Diane von Furstenberg, Missoni, Chanel e Christian Louboutin abriram em shoppings de luxo em São Paulo e no Rio de Janeiro. A Burberry inaugurou sua primeira loja independente em Brasília, há pouco tempo, e a Emporio Armani prepara sua chegada à capital.

Loja da Giorgio Armani no Shopping Cidade Jardim

O consumo de produtos de luxo no país cresceu mais de 35% nos últimos dez anos, o que significa vendas de 2.5 milhões de dólares a cada ano. O Brasil é a maior economia da América Latina, responsável por 70% do segmento de luxo, e a 10ª maior do mundo. No ano passado, mesmo com a crise financeira mundial, o setor cresceu 8% e a previsão é que até o fim de 2010 os consumidores de luxo comprem 50% a mais. Recentemente, a Veja fez uma reportagem de capa afirmando que a cada dez minutos um executivo se junta ao grupo de milionários.

Projeto do Village Mall, shopping de luxo que será inaugurado em 2012 na Barra da Tijuca

Os dados são muito promissores, mas será que a realidade é assim tão boa? Por mais que o consumidor brasileiro seja ávido por novidades, ele sabe que o valor das mercadorias aqui é, em média, três vezes mais caro devido aos altos impostos. Ou seja, às vezes sai mais barato pegar um avião e ir até Miami, Nova York ou Paris (os três top destinos do turista brasileiro) comprar um produto. Nossa única vantagem é o sistema de parcelamento no cartão de crédito, algo inédito no resto do planeta.


Fachada do Shopping paulistano Cidade Jardim

Outra questão é a centralização de São Paulo. Apesar de outras regiões, como Brasília, o próprio interior de SP, o Norte e Nordeste demonstrarem potencial de consumo, os números são pequenos. O Rio, o segundo mercado nacional, tem apenas 15% do segmento de luxo. A médio e longo prazo, será que vale a pena investir em um país tão extenso mas com poucas possibilidades de abertura de filiais?

Corner da H.Stern na Printemps, em Paris. A joalheria brasileira está presente em várias cidades do mundo

Finalmente, como as grifes nacionais podem competir neste mercado? Se as taxas de importação diminuírem, não vai ser difícil encontrar sapatos, bolsas e roupas de marcas estrangeiras custando menos que muitas brasileiras. O processo de internacionalização de nossas empresas é lento e a competição, enorme. Sem contar que a matéria-prima é cara e o setor de moda no Brasil é conhecido pela falta de profissionais qualificados.

Carlos Miele também representa muito bem o Brasil, com lojas em Nova York, Miami e Paris

Por outro lado, marcas de luxo “made in Brazil”, como Osklen, Carlos Miele e H.Stern já mostraram que têm uma identidade bem formada e um apelo de consumo baseado em lifestyle. E aí entram os famosos conglomerados internacionais. A compra da Sack’s pelo LVMH (que com isso traz a Sephora para o Brasil) foi o primeiro sinal de novas possibilidades. Há algumas semanas os executivos do concorrente PPR, chefiados por François-Henri Pinault, estiveram por aqui e conversaram com Oskar Metsavath, da Osklen, e conheceram o QG da H.Stern, em Ipanema. Pode ser que um novo caminho para o mercado de luxo brasileiro esteja se abrindo, e a melhor opção para enfrentar a concorrência seja unir-se aos grandes e experientes. Mas isso é papo para outra coluna…

Releia as entrevistas sobre o mercado de luxo no Brasil com:

Carlos Ferreirinha

Silvio Passarelli

Patricia Gaia

Veja na seção Serviços os tipos de Relatórios e Treinamentos do MODALOGIA que se encaixam no perfil da sua empresa e entre em contato pelo comercial@projectmlondon.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.