Todo mundo sabe que o consumidor é rei e que um dos mantras do varejo atual é não tentar enrolá-lo, já que o cliente está altamente informado e decidido na hora de fazer uma compra. Com tanta segurança e propriedade por parte dele parece que o papel do varejista é quase apenas o de expor e disponibilizar o produto. Aliás, se o consumidor pudesse decidir quantos produtos seriam apresentados, em que tipos de formato, cores e até embalagens seria melhor ainda, não?
O The Lab do BrandAlley
Na verdade já existe um movimento assim, dando poder total ao cliente e deixando ele interferir no inventário e até na produção. É o Crowdsourcing, termo criado por Jeff Howe em um artigo para a revista Wired em 2006. Significa tarefas tradicionalmente feitas por empregados ou prestadores de serviços passarem para as mãos de uma comunidade, que decide como lidar com a questão. Traduzindo para a moda: estilistas expõem suas criações para o consumidor, que escolhe antes das peças serem produzidas quais ele quer comprar. Não há risco de perda de estoque e portanto a economia é enorme. No fim, criador e cliente se aproximam, derrubam barreiras de distribuição e logística, e todos ficam felizes!
Camisetas do Threadless
O modelo é perfeito para novos designers que ainda não podem bancar lojas. Uma das iniciativas mais bem-sucedidas é o site Threadless, fundado por Jake Nickell em 2000. A idéia era vender camisetas com os silks mais votados pelos usuários. Até hoje mais de 300 mil desenhos foram produzidos e os artistas recebem US$ 2.500 quando suas criações são escolhidas. O sucesso é tanto que há projetos de expansão internacional e variações para músicos e entidades filantrópicas.
StyleTrek
Outros exemplos voltados para a moda são os sites StyleTrek, que tanto procura estilistas emergentes quanto aceita o cadastro de novos talentos, o e-tailer BrandAlley, que inaugura em janeiro de 2011 a seção Le Lab para os internautas votarem nas criações que serão produzidas a partir de croquis de alunos do l’Institut Français de la Mode e outras instituições, e o FashionStake, que surgiu em Harvard, onde uma aluna de MBA teve a idéia de colocar online peças de novos talentos que não encontrava em lugar nenhum. Cada empresa acha sua própria forma de financiamento, seja através de pré-pedidos dos consumidores ou por porcentagens do que é vendido. O que importa mesmo é ver o leque de possibilidades de abrindo.
FashionStake
Se até aqui você achou a iniciativa legal mas restrita a empreendedores e novos talentos, prepare-se para ver o crowdsourcing atuando em empresas mais do que estabelecidas. Nike, Ked’s e até a Bloomingdale’s já experimentaram a tendência e tiveram bons resultados. A prova que a iniciativa é a cara da nova década veio de Derek Lam, que anunciou que fará uma parceria com o eBay mas apenas produzirá as peças mais votadas pelos consumidores.
Já que tanto se discute sobre as mudanças rápidas e radicais que a moda está passando, será que em breve vamos poder escolher o que grandes marcas vão colocar nas passarelas? E o que vai do desfile para as araras? O consumidor virou não só rei, mais um verdadeiro imperador…