No último dia de SPFW, boas surpresas, sobretudo nas coleções masculinas. Gloria Coelho trabalhou suas marcas registradas a partir de um mix entre motocross, armaduras e toques de anos 30 e 60. Estavam lá as formas geométricas e esculturais em tecidos leves e estruturados com muitos pontos de cores vivas (azul, laranja, amarelo e vermelho).
João Pimenta brincou com a tendência andrógina, os uniformes militares e os símbolos religiosos numa coleção intensa, com tecidos pesados, cores neutras e formas amplas, mostradas principalmente nas saias masculinas! Houve espaço também, é claro, para uma boa alfaiataria.
Depois foi a vez de Alexandre Herchcovitch desfilar sua linha masculina, totalmente em sintonia com um dos maiores medos contemporâneos: as catástrofes naturais. Seu homem está com o look pronto para o fim do mundo usando peças esportivas, muitos tecidos sintéticos (inclusive termo-protetores), formas utilitárias e máscaras que cobrem o rosto como acessórios! Além do preto e cinza, muito laranja, prata e caramelo.
Já Fernanda Yamamoto investiu na delicadeza num estudo do simbolismo do círculo. Isso se traduziu em peças leves, feitas com gaze de seda com aplicações de feltro, por exemplo, formando ótimas texturas, transparências e formas retas.
O penúltimo desfile da noite foi de André Lima, que como sempre transformou sua passarela numa releitura da abertura da novela “Brega & Chique”, com seus vestidos volumosos e cheios de referências aos anos 80. A estampa de cavalos apareceu junto a longos em preto, laranja e pink, todos com muitos brilhos, mangões, cintos bordados e chapéus nada discretos.
Para terminar, a Cavalera levou o público à entrada da Bienal, com os modelos desfilando sobre um espelho d’água e debaixo de chuva! Em mais uma homenagem à cidade de São Paulo, a marca proclamou uma “Nova República”, reclamando mais contato físico entre as pessoas e estimulando o imaginário. Na prática, a bem-humorada coleção, misturou jeans com malhas, couro, algodão e tricô, mostrou estampas que retratam o brasão da República e a bandeira de SP, além de comprimentos curtos e soltos nas meninas, leggings curtas e transparentes, e jeans escuros de cintura alta. Nos meninos, jaquetas perfecto, aplicações de peles fake nos casacos esportivos e um de rebeldia irreverente, como na camiseta que proclamava o Bozo para presidente! A gente já tem um palhaço no Congresso então não estamos muito longe disso, né?
Fotos: Agência Fotosite