Quem entende um pouquinho sobre a indústria do luxo sabe que quando o assunto são os bordados da alta-costura só existe um nome: Lesage. A empresa de François Lesage, que faleceu na semana passada aos 82 anos, virou sinônimo de trabalho artesanal impecável e criativo, que acompanha gerações de maisons e parece nunca envelhecer. De Cristóbal Balenciaga a Jason Wu, passando por Dior, Schiaparelli, Balmain, Lacroix e Chanel (que adquiriu a empresa em 2002), todos os grandes nomes da couture e do prêt-à-porter de luxo recorriam à Lesage na hora de bordar suas roupas.
A história de François na moda começou em 1924 quando seus pais, Albert e Marie-Louise, compraram a Michonet, uma empresa de bordados fundada em 1858 e que trabalhou para Worth, Paquin e Vionnet. No entanto, ele só assumiu os negócios na década de 50 pois antes resolveu tentar a sorte sozinho e foi para Hollywood, onde montou seu pequeno ateliê na Sunset Boulevard e bordou figurinos para estrelas como Ava Gardner e Marlene Dietrich.
Chanel – alta-costura – outono 2011
Com o fim da guerra e a retomada de Paris como capital da moda, François viu novas oportunidades e a chance de crescimento. Logo ele estava conquistando o mercado e transformando seu artesanato em referência internacional. Em 1992, a escola Lesage para ensinar a arte de bordar fui inaugurada, uma estratégia para driblar um período de baixa na alta-costura e um momento de crise financeira mundial. O sucesso de François, que era conhecido pelo bom humor e generosidade, também pode ser conferido pelos títulos que recebeu por seu trabalho: o de Oficial da Legião Francesa de Honra e o Maître d’Art, entregue há cerca de duas semanas, quando ele fez sua última aparição pública.
Christian Lacroix 2009
Além da moda, o legado de Lesage também se espalhou para outros campos pois desde 1993, seu filho Jean-François Lesage é dono da Madras, uma empresa especializada em bordados para tecidos de decoração.