Esta semana registramos as temperaturas mais frias do ano em várias regiões do Brasil. E quando o clima muda, a vontade de consumir roupas e acessórios de acordo com a estação aumenta, né? Só que se você for em busca da peças de inverno e de aproveitar as liquidações deve ter notado que para várias marcas isso é passado, pois o verão já está nas vitrines!
Já escrevi várias vezes sobre este problema no calendário do varejo, que não é exclusividade do Brasil (mesmo com o calorão que está fazendo lá no hemisfério norte as lojas estão lotadas com coleções de outono/inverno) e a cada troca de estação me faço a mesma pergunta: por que adiantar tanto os lançamentos?
Num momento que nossa economia está desacelerando e a industria têxtil sofrendo bastante com o atual cenário mercadológico, acho uma total falta de lógica insistir num calendário baseado apenas no consumo da “novidade” (o que nos leva para a discussão de semana passada, sobre o vício do novo). O varejo costuma argumentar que as coleções de inverno nunca vendem bem, mas vamos analisar os fatos: as peças chegam às lojas em fevereiro, quando está muito calor, é carnaval e as pessoas ainda estão pagando a viagem de férias e se refazendo dos gastos de fim/inicio de ano, ou seja, a disposição de consumir roupas é quase nula. Em junho, quando o inverno começa, todo mundo já está liquidando. E como não dá para ficar em promoção pra sempre, o lançamento de verão tem que acontecer ainda em julho. Há algo errado com essa conta e não precisa ser especialista em varejo para encontrar os erros! Até quando as empresas vão continuar insistindo na síndrome “maria vai com as outras” (vou lançar porque fulano e ciclano já lançaram) ao invés de pensar numa estratégia que possa ser mais LUCRATIVA?