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Quando comecei a procurar trabalho depois do mestrado, devo ter enviado meu currículo para dezenas de vagas em menos de um mês. Não recebi nenhum feedback além daquelas respostas automáticas e sequer fui convidada para uma entrevista. Entrei em contato com vários recrutadores também, alguns me responderam, outros poucos me ligaram e ficou por isso mesmo. É claro que fiquei bem frustrada pois acreditava que com o mestrado e algumas experiências aqui em Londres não seria difícil encontrar trabalho.
Foi aí que me toquei que minha frustração não era porque não tive respostas mas porque estava aplicando para um monte de posições que no fundo não tinha o menor interesse. Às vezes mal lia as descrições do trabalho, mandava por mandar, só para ter aquela (falsa) sensação de estar fazendo a minha parte. Mas como tudo na vida, fazer por fazer não traz resultado algum. Então, a ficha caiu.
Meu objetivo quando vim pra Londres, além de realizar o sonho de fazer mestrado na London College of Fashion, era buscar as oportunidades que nunca teria no Brasil. Isso incluía continuar trabalhando com archetype branding, que foi o tema da minha dissertação, e o plano era ter um escritório de consultoria no futuro. Só que o futuro virou presente.
Pelos meios tradicionais, ou seja, sendo funcionária de uma empresa, seria extremamente difícil ter autonomia e liberdade para desenvolver esse tipo de projeto em identidade de marca. Por falar em liberdade, ela sempre permeou minhas decisões profissionais e é a grande razão de nunca ter trabalhado seguindo o esquema de 09 às 18h. Nada contra, mas na minha concepção não é assim que você é mais produtivo, pelo contrário, as distrações constantes de um escritório, as reuniões inúteis e toda aquela politicagem com chefes e coleguinhas são puro atraso de vida. Sempre tive muito mais concentração e produtividade trabalhando sozinha, organizando meu dia de acordo com tarefas, independente de horários.
Entender que não precisava me adaptar aos padrões só porque sou estrangeira aqui ou porque é “mais seguro” em termos financeiros foi um passo essencial, assim como perceber que o mestrado me deu o caminho das pedras do empreendedorismo e tudo que precisava era colocar em prática o que aprendi (parece óbvio, mas às vezes a gente precisa de um tempo pra digerir certas coisas). Por fim, relembrar a importância de ser honesta consigo mesma e ter a noção de onde se quer chegar – algo que reforço revendo este vídeo da Garance Doré com a Diane von Furstenberg, são constantes empurrõezinhos para seguir em frente.
Desde a minha decisão, que aconteceu há cerca de 2 meses, comecei a me apresentar como freelancer brand strategist, criei um Meetup para fazer network e trocar ideias, e fechei meu primeiro contrato! Nada mal, não é? É claro que ainda tenho um longo caminho a percorrer, porém acredito 100% que quando a gente faz o que ama, o universo conspira e as coisas fluem (é clichê mas é verdade!). Agora é só preparar as cenas dos próximos capítulos!