A Estreia de Raf Simons na Dior

 

02 de julho de 2012 foi um dia histórico na moda. Começando pela reunião de estilistas sob o mesmo teto (florido) para conferir a coleção de um concorrente: Alber Elbaz, Marc Jacobs, Riccardo Tisci, Azzedine Alaïa, Donatella Versace, Diane von Furstenberg, Olivier Theyskens e até Pierre Cardin e Jean-Louis Scherrer, legítimos representantes da velha guarda da couture. Todos foram conferir de perto a chegada da Dior ao século XXI. Sabe aquele frio na barriga que os indicados ao Oscar devem sentir antes de anunciarem o vencedor? Imagina o que Raf Simons estava sentindo, sendo que não havia outras categorias no evento, só a dele…

Agora ele deve estar respirando tranquilo e muito feliz. A missão está cumprida. A mídia está se derretendo de elogios. Bernard Arnault deve estar pulando de alegria e Christian Dior estaria orgulhoso. Uma das maisons mais tradicionais do mundo está pronta para reconquistar seu lugar como grande lançadora de tendências. E Raf Simons vai passar pelo processo de “marcjacobização”! Explico. Quando Marc Jacobs assumiu o comando da Louis Vuitton ele era bem conhecido e admirado no meio da moda. Jornalistas e profissionais o adoravam mas ele ainda não era tão famoso para o grande público, muito menos essa estrela global de hoje.

O mesmo pode se dizer de Raf. Assim como Marc, o estilista belga se manteve “outsider” durante bastante tempo e até depois de assumir o comando da Jil Sander não era um nome super popular. Agora, já são mais de 28 milhões de resultados sobre ele no Google (ok, Marc tem muita vantagem com 116 milhões) e o número deve se multiplicar em breve. Tempos modernos, claro. E de modernidade, Simons entende muito bem.

Sua coleção de estreia provou que ele sabe muito bem o que significa a alta-costura. E o que é preciso para renovar o desejo por uma marca. Ele conseguiu aliar seu característico minimalismo à feminilidade da Dior reinterpretando o icônico Tailleur Bar e trazendo cores vibrantes como vermelho e amarelo. Garantiu os looks noturnos em longos de saia godê, decotes tomara que caia e bordados. Mas também trouxe terninhos pretos e muitos pepluns sobre calças para o dia. Resumindo, mostrou um guarda-roupa que pode ser muito bem adaptado pela mulher contemporânea, imprimiu seu estilo mas foi fiel à essência da marca. Um desafio que só os grandes profissionais conseguem vencer. Raf merece ser aplaudido de pé, não?

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