Domingo fui tomar café da manhã com meu marido num lugarzinho charmoso que a gente adora. Na mesa logo atrás da nossa, havia um animado grupo de cinco pessoas – duas meninas e três meninos. Pela proximidade de nossas mesas e pelo tom alegre da conversa, não pude deixar de escutá-los. Depois de pouco tempo, comecei a sentir certa indignação crescendo dentro de mim.
Explico: do momento em que nos sentamos até a hora em que o grupo se foi, o assunto girou em torno de uma “amiga” deles, uma tal Laura. Escrevo assim, entre aspas, porque a pobre Laura da conversa ao lado foi alvo de incessantes críticas sobre seu jeito de ser, de comentários super maldosos. Eu diria mesmo invejosos.
Certo, eu não conheço a Laura em questão e não sei até que ponto os comentários eram verdadeiros ou não. Mas o tom de deboche e as risadas maliciosas me incomodaram. Primeiro, porque fui educada para não falar mal dos outros, principalmente de pessoas que não se encontram presentes. Eu sei que a teoria é muito mais fácil do que a prática, principalmente quando se está entre amigos. Só que rezam as boas maneiras que não se deve falar mal de alguém que não está ali para se defender. Segundo, porque em se tratando de alguém amigo, os comentários não deveriam ser mais que isso, simples comentários. E, de preferência, sobre assuntos conhecidos por todos, nada polêmico demais, nada que faça com que o amigo ausente vire alvo de fofocas desagradáveis.
Porém, a verdade é que a fofoca está na moda. Saber tudo sobre a vida alheia, opinar a respeito dela e dar um tom provocante a cada comentário parece ter se tornado uma prática comum e indispensável nos dias de hoje. Basta lembrar que Gossip Girl é seriado mais popular atualmente e seu mote principal são as fofocas sobre a vida dos adolescentes endinheirados de Manhattan que circulam via mensagens de celular e internet. (E aqui vale dizer que, sim, eu também sou uma das seguidoras das tramas dos riquinhos nova-iorquinos. Embora mais pelo glamour, pela moda super atual da turma de Serena e Blair, e menos pelas histórias mirabolantes em si, que são sempre praticamente a mesma coisa).
Num mundo regido pela cultura dos reality shows, o ato mesquinho de falar mal das pessoas se banalizou, tornando-se socialmente aceito. E, neste quesito, minha crítica recai sobre o “Brazil’s Next Top Model”. Jurados e apresentadora parecem se divertir horrores ao fazerem suas ácidas críticas às candidatas. Principalmente quando estão confabulando entre si sobre o destino das mesmas. Parecem esquecer-se que elas tem famílias que estão assistindo a este triste espetáculo de verem suas lindas filhas serem depreciadas em rede nacional. Será que eles nunca estiveram do outro lado? O lado em que a aprovação do outro é de extrema importância na construção de uma carreira, da auto-estima. Afinal, estamos falando de um meio onde a opinião alheia conta e muito. Críticas deveriam ser construtivas e não sessões de humilhação pública!
Na verdade, minhas críticas a este programa (e também à versão original norte-americana) poderiam se estender por mais alguns parágrafos. Assim, fica como assunto para um próximo post. Enquanto isso, reflita se é realmente necessário tecer comentários maldosos sobre seus amigos, se é realmente engraçado ver uma pessoa ser aviltada em público. Afinal, a próxima vítima poderá ser você.