Bolsa de Valores


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Há cerca de 2 meses, a notícia que uma bolsa Birkin era melhor investimento do que ouro causou comoção. Segundo o estudo da Baghunter, seu valor aumentou 500% em 35 anos! Não sei se a análise é válida, mas desde então fiquei pensando na relevância das bolsas para a indústria da moda, principalmente no mercado de luxo.

Até um tempo atrás, uma bolsa era apenas uma bolsa. Um acessório basicamente feito para carregar carteira, chaves, maquiagem etc. É claro que a Chanel 2.55, a Kelly da Hermès e a clássica Louis Vuitton já existiam, mas sua importância era quase insignificante comparada aos padrões atuais. Se você olhar uma campanha de meados dos anos 90, de marcas como Prada e Gucci, por exemplo, não tem bolsa à vista. Nada de “it bags”. Nada de Gisele, Alexa, Venetia ou Stam. Nada de lista de espera ou preço médio de $2000.

No entanto, assim como a gente não consegue mais pensar a moda antes do Instagram, dá pra conceber a ideia de entrar em uma loja de departamentos e não avistar centenas de bolsas pedindo para serem levadas pra casa pra fazer sua nova dona feliz? Elas são democráticas já que não requerem certos tamanhos ou modelagens específicas. Você não repete um vestido ou uma blusa todos os dias mas pode carregar a mesma bolsa por meses ou até anos. Você pode comprar perfumes ou maquiagem da sua grife favorita mas só vai impressionar quando tiver uma “bolsa de marca” no ombro. Não importa o que esteja vestindo.

Como a Dana Thomas disse em “Deluxe – Como o Luxo Perdeu o Brilho”, as bolsas são o item de luxo mais fácil de vender porque não precisam de ter tamanhos nem de ser experimentadas. São mais fáceis de criar do que perfumes e a margem de lucro é absurda (entre 10 e 12 vezes o preço de custo). Faz sentido agora? A loucura por bolsas nada mais é do que uma estratégia de marketing para aumentar sua importância dentro do sistema da moda. Ainda me lembro da capa da Vogue Americana de fevereiro de 98 com a chamada para o “ultimate status symbol” e a corrida para ter uma Baguette da Fendi, o modelo que iniciou oficialmente a tendência.

Esse é o jogo e foi a forma que várias empresas puderam crescer e enquanto as pessoas não estiverem se endividando só para comprar uma bolsinha, não tenho nada contra. Mas fico imaginando, com exceção da Birkin, a festa está com hora para acabar. Sim, porque o mercado anda saturado e até os grandes nomes já divulgaram resultados de vendas mornos. O que fazer então?

Todo negócio precisa de um “bate-caixa” e as bolsas, assim como outros acessórios, garantem uma grande parte das vendas para as marcas luxo. Mesmo assim, a velocidade da moda está exigindo mais opções em menos tempo, o que acaba cansando a cliente, que já percebeu não ter razão para comprar modelos similares a cada estação. A desaceleração dos mercados emergentes é outra ameaça já que esses consumidores costumam ser mais inclinados a gastar com produtos para ostentar.

Está na hora dos departamentos financeiro, de marketing e de design sentarem para decidir qual direção tomar e pararem de colocar todos os ovos em uma única cesta. Ou bolsa.

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