Pra mim ainda existem poucos prazeres iguais a ter a Vogue de setembro nas mãos… Me lembro até hoje da minha primeira edição, de setembro de 1996, coincidentemente com Kate Moss na capa (junto com Amber Valletta). Eu tinha saído de um simulado do vestibular, passei na banca, comprei a revista e fui pra casa toda feliz, esquecer da vida por algumas horas…
Naquela época não tinha internet pra mostrar os anúncios com antecedência e as campanhas concentravam bem menos marcas de luxo (e suas bolsas). Mesmo assim a revista já era bem pesadinha! Descobrir um mundo que ainda era secreto e distante – quem sabia quem era Anna Wintour?- conhecer os nomes dos fotógrafos, das modelos, aprender sobre as marcas em ascensão, tudo era feito de uma forma tão inocente e descompromissada… Ter a Vogue em mãos era mais ou menos como ter um guarda-roupa novo porque só de ter acesso àquela informação já me fazia “me sentir na moda”. Como as coisas mudaram nessa década e meia.
Reunião de tops em 2004 (uma raridade no século XXI)
Engraçado que ao escrever esse texto, fui lembrando de várias outras capas de setembro e da ótima sensação de desbravar cada uma, o que podia levar semanas e até meses porque sim, eu leio a Vogue de verdade! Alguns marcos foram a de setembro de 2001, com a volta de Linda Evangelista, a de 2004 com várias tops reunidas (Daria, Gisele, Isabeli, Karen, Lyia…) e, claro, a de 2007 com Sienna Miller e que virou o famoso documentário que não canso de rever.
Sienna, na maior edição da história da revista
Nesta edição de 2011, fui correndo ler o “wedding album” de Kate Moss e a matéria sobre a linha de maquiagem de Tom Ford, escrita pela Plum Sykes, que entre a alienação e o bom-humor sempre que publica um texto me diverte. E como sempre, fiquei admirando por uns minutos extras o editorial principal de Grace Coddington, chamado “My Generation”.
Nestes anos todos, já aprendi algumas regras sobre a “September Issue”:
a) Ela tem sempre um editorial clicado fora dos EUA, de preferência por Mario Testino. Roma com Sienna, Keira Knightley em Berlim, e Viena com Natalia Vodianova são os que vêm primeiro à cabeça. Desta vez é Karlie Kloss na China.
b) Nestes mesmos editoriais eles insistem em colocar a modelo com uma peruca Playmobil horrorosa. Desnecessário.
c) Editoriais “flashbacks” são a especialidade de Grace (rolam em outros meses também, porém em setembro são praticamente uma tradição). Em 2007 foi o sobre os anos 20 e o deste ano é simplesmente maravilhoso, com Natalia e o ator Sam Riley na praia de Brighton, Inglaterra, recriando mods dos anos 60. Ela está a cara da Jean Shrimpton e as fotos de Mert & Marcus dão aquele ar retrô/Instagram delicioso!
Pra encerrar, só me resta dizer que tem coisas que só a Vogue faz por você, portanto, licença mas vou voltar para o seu mundo encantado, pelo menos por enquanto!