Confesso que tenho uma certa antipatia por qualquer produto que Gisele Bündchen vende. Ela é uma modelo maravilhosa sim, mas uma péssima porta-voz (acredito que para alguém advogar em prol de alguma causa ou pelo menos ser considerada “formadora de opinião” – como odeio esta expressão -, o mínimo que se espera é não falar coisas óbvias ou sem fundamento como “os rios estão poluídos, precisamos salvar as águas” ou “não uso protetor solar porque não coloco veneno na pele”…).
Mas desde que vi sua nova campanha da Hope pela primeira vez fiquei realmente incomodada. Desta vez não por implicância pois até gostava da marca. Não sei se foi porque me casei este ano e, pra mim, nada é mais distante nos casamentos contemporâneos do que mulheres se fazendo de vítima pro marido pagar as coisas… Também não quero ser defensora do politicamente correto pois acho um discurso insuportável e reprimido.
O que me incomodou de verdade na campanha é o seu conjunto ridículo de clichês e a total desinformação de agência criadora. Será que ninguém lá na Giovanni+Draftfcb procurou se informar antes que boa parte das mulheres brasileiras são as chefes da família? Logo são elas que pagam por tudo… Se a Hope quer ser associada como a lingerie da mulher brasileira, que é tão charmosa como o slogan diz, não podia investir em algo mais realista? E vale lembrar que Gisele é tão ou mais rica que seu marido jogador de futebol, o que piora qualquer tentativa de convencimento do comercial.
Mesmo assim, não concordo que o Governo proíba a veiculação da campanha como alguns órgãos protetores dos direitos das mulheres está defendendo. Como dizia uma antiga e politicamente incorreta propaganda de cigarros antiga, é uma questão de bom senso. Cada um que julgue por suas próprias crenças e decida o que acha.E quem se sentir ofendida, não consuma mais Hope.
Eu sempre achei a Valisére bem mais interessante…