Hoje fui na Exposição de Madeleine Vionnet no Les Arts Decoratifs. Fica até 31/01 e é absolutamente imperdível ver de pertinho sua técnica singular de compor uma roupa. Várias blusas não têm sequer cavas! E ela criava tudo em uma bonequinha, sem desenhos. Filmei partes da exposição, apesar dos videos estarem meio escuros.
Para quem não conhece o trabalho de Vionnet, aí vai um resumo:
Apesar de Vionnet não ter inventado o corte enviesado, tornou-se, sem dúvidas a mestra dessa técnica. Os tecidos que usava eram encomendados quase dois metros mais largos para esculpir os drapeados, o que era feito diretamente em suas manequins-miniaturas. Seu objetivo era conseguir forma e caimento perfeito, por isso suas peças quase não tinham costuras e cavas. Ela partia de formas geométricas, como quadrados e triângulos, para construir suas roupas que muitas vezes pareciam estranhas e amorfas, até serem vestidas e adquirirem os contornos do corpo feminino. Seus tecidos preferidos eram os mais maleáveis: seda, musseline, cetim e veludo, além do exclusivo crepe rosalba, desenvolvido pela fornecedora Bianchini-Ferier especialmente para Vionnet.
O auge da fama de Vionnet aconteceu entre o fim da década de 20 e o começo dos anos 30, quando o glamour hollywoodiano atingia o seu ápice e os vestidos de cetim, inspirados em seus modelos, eram perfeitos para as telas de cinema. Além dos lindos vestidos longos de corte enviesado, ela divulgou bastante a gola capuz e a frente-única em suas criações. Preocupada com o plágio, fotografava todas as suas peças de frente, de perfil e de costas e arquivava tudo num “livro de direitos ao autor”. Chegou a gravar suas digitais nas etiquetas também.
Madeleine aposentou-se em 1939 e morreu em 1975, com 98 anos. Entre os seus admiradores estão Azzedine Alaïa, Issey Miyake, Vivienne Westwood e o mestre Cristobal Balenciaga, que a considerava um gênio. Até hoje, nenhum estilista conseguiu ir além nas técnicas de alta-costura. Vionnet não é famosa como Chanel, mas suas criações para a moda são consideradas verdadeiras obras de arte.