Modalogia Entrevista: Carlos Ferreirinha

Nesta semana, a Modalogia publica uma série de entrevistas sobre o mercado de luxo brasileiro.

Quando o assunto é o mercado de luxo, é impossível não pensar em Carlos Ferreirinha. Fundador da MCF Consultoria e Conhecimento, criador do primeiro MBA em Gestão de Luxo no Brasil e organizador do seminário ATUALUXO, entre vários outros projetos, ele é uma referência num mercado que mais do que nunca está de olho no Brasil. Nesta entrevista, ele fala do potencial do país, dos hábitos do consumidor brasileiro e de problemas que ainda precisam ser superados para o crescimento pleno. www.mcfconsultoria.com.br

Modalogia: O bom estado da economia brasileira tem contribuído ainda mais para a chegada de grifes de luxo no Brasil. Além de São Paulo, quais outras regiões do país têm potencial para esse mercado?

Ferreirinha: Neste período pós-crise, uma grande alternativa para crescimentos expressivos no consumo de luxo estará nos mercados ditos emergentes. Principalmente Brasil, Índia e China. Assim, o Brasil passa a ser uma das prioridades na análise mundial. Com esse processo, São Paulo se fortalece ainda mais como pólo de luxo na América do Sul. Entretanto, outros lugares estão chamando bastante atenção, como o interior de SP, Brasília, e outras regiões, como Norte e Nordeste.

Modalogia: O Rio de Janeiro, com a Copa e as Olimpíadas, está despertando maior interesse estrangeiro. O potencial de consumo de luxo da cidade deve crescer também?

Ferreirinha: Sim. O Rio de Janeiro deve receber investimentos consideráveis e um foco em atendimento ao cliente. Afinal, o mundo estará com os olhos voltados para a cidade maravilhosa.

Modalogia: Quais são as particularidades do consumidor de luxo no Brasil?

Ferreirinha: Os brasileiros são impulsivos no consumo, atualizados e contemporâneos. Fortes características de atratividade para o consumo de luxo são as condições de pagamento diferenciadas praticadas no Brasil em cartões de crédito. Isso aumenta a base de consumo e faz o país ser percebido, no médio e longo prazo, como um promissor mercado de classe média. O consumidor brasileiro tem ainda a particularidade de ser atento, detalhista. Ele conhece e valoriza a exclusividade, com consciência. E aprecia um tratamento de rei.

Modalogia: Quais são os principais entraves (econômicos, tributários…) para a entrada das marcas de luxo no país e o que pode ser melhorado?

Ferreirinha: Ao mesmo tempo em que o Brasil se apresenta como uma das mais interessantes alternativas para o crescimento do consumo de Luxo, o grau de complexidade e burocracia do mercado assusta, preocupa e, acima de tudo, posterga decisões que poderiam acelerar os investimentos. Os preços finais no Brasil ainda são absolutamente surreais, devido à forte carga tributária. Parte do momento atual reflete um ajuste de preços e melhoras obtidas no preço de saída e até mesmo o fator cambial. Mas está ainda muito longe do patamar que deveria ser praticado no Brasil. Um dos grandes desafios atuais está pautado na alta tributação. Os entraves e obstáculos precisam ser fortemente revistos. A ABRAEL – Associação Brasileira de Empresas de Luxo coordena atualmente um esforço importante para revisão deste cenário restritivo.

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