O designer de acessórios Mauricio Medeiros além de criar belos sapatos em sua marca homônima também é vice-presidente da ABEST, a Associação Brasileira de Estilistas e está à frente em um novo projeto da organização, a Incubadora de Talentos, que vai focar na presença de grifes brasileiras no exterior. Nesta entrevista, ele fala sobre a iniciativa e os entraves ao crescimento de nossas exportações:
Modalogia: A presença de marcas brasileiras no exterior ainda é relativamente tímida. Como o programa da Incubadora de Talentos da ABEST vai mudar isso?
Mauricio Medeiros: O programa prevê uma consultoria no mercado americano na primeira etapa do projeto, com profissionais de elevada experiência no segmento de moda, em especial no de luxo. Além da coordenação estratégica que contempla o posicionamento da marca junto ao mercado, haverá uma curadoria de produto, para alinhar o design da marca ao mercado potencial nos EUA.
Além destas ações de direção mercadológica, há uma ação específica de PR (relações públicas), posicionando as marcas nos meios representativos da mídia de moda, inclusive em revistas e jornais de impacto elevado, mas também com celebridades do meio artístico, especialmente em Hollywood.
Modalogia: Quais são as marcas participantes do programa?
Mauricio Medeiros: Maurício Medeiros e UMA
Modalogia: Quais são as maiores barreiras hoje para o crescimento de exportações do setor de moda?
Mauricio Medeiros: A mais representativa é a pequena escala de produção e vendas que as marcas de alta moda – todas originais, artísticas e de elevada qualidade – têm no Brasil, resultando em pouca alavancagem econômica e dificultando os investimentos necessários para abrir os mercados no exterior.
A exportação significa uma outra estrutura, desde ações mercadológicas, passando por uma equipe especializada, bilíngüe, e preparada para atender clientes que estão habituados a comprar as grifes globais. Além disso, temos no calçado especificamente um concorrente, que não tem nome, mas tem uma marca-país, o “Made in Italy”, que ajuda a vender inclusive produtos que não são tão bem acabados ou que não tem uma estética tão original e surpreendente como a que tenho feito.
Em todo caso, são barreiras transponíveis e acredito muito na evolução dos mercados internacionais com o nosso design, o que só valoriza nossas clientes brasileiras, sempre atendidas antecipadamente por estarmos com dois meses de antecedência do hemisfério norte.