Há umas semanas atrás, cheguei a conclusão que Marc Jacobs não é mais cool. Explico. Quando o conheci, ainda nos anos 90, na época em que tinha acabado de ser apontado como estilista da Louis Vuitton, Marc era um nome promissor e bem conceituado entre os profissionais de moda. Lembro de ficar babando por váaarias coleções. Aquela mistura de romantismo, com toques retrô e um look meio nerdzinho era tudo que eu sonhava em vestir! Sem falar que pessoas verdadeiramente cool usavam Marc Jacobs: Sofia Coppola, Winona Ryder (ícone total até o episódio do roubo na Saks), modelos como Trish Goff e Helena Christensen…
Mas eis que ele tem a brilhante idéia de chamar artistas para assinar as bolsas da LV. Stephen Sprouse e os grafites, Takashi Murakami e os desenhos japinhas…Pronto! O sucesso foi instantâneo, as cópias, nem se fala, e o nome Marc Jacobs começa a aparecer com mais freqüência. As bolsas de sua própria grife também viram objetos de desejo e são clonadas mundo afora.Uma série de celebridades de estilo duvidoso, entre elas Victoria Beckham, começam a declarar seu amor por MJ. Ele emagrece e fica malhado. Ganha um documentário sobre seu processo criativo. Nos últimos tempos, com a abertura de sua loja em São Paulo e o casamento com o brasileiro Lorenzo Martone, seu nome ganhou manchetes aqui no país. Marc Jacobs é uma celebridade mundial, ou seja, ele não poderia ser mais mainstream.
Pois é, me dei conta disso e fiquei muito decepcionada pois sou daquelas que odeia tudo que é mainstream demais porque isso significa pessoas sem personalidade usando um look só porque está na moda ou “é de grife”.
Então, hoje de manhã fui ver as fotos de seu desfile de primavera/verão 2010 sem aquela alegria de antes. Mas bastou olhar pros primeiros looks para entender tudo! Sim, o nome Marc Jacobs é mega conhecido, seu show é o mais disputado da NYFW, as celebridades morrem pra sentar na primeira fila, todo mundo quer suas bolsas. Mas… A genialidade de MJ supera tudo isso. Assim como a Prada suas roupas não são pra qualquer uma vestir e sempre conduzem a interessantes reflexões sobre o zeitgest. Basta lembrar que seu último outono/inverno deflagrou a febre por tudo dos anos 80. E quando todo mundo entrou na onda, ele volta ao romantismo numa coleção delicada, leve e recheada de babados.
Inspirada no teatro, no balé e na ópera, sua primavera 2010 vem com tecidos leves, muitas sobreposições, tons pastel de rosa, azul e verde, detalhes metalizados, muitas transparências, brocados, vazados e aplicações de flores. Estavam lá suas marcas registradas e uma forte influência do estilo Comme des Garçons, a grife de Rei Kawakubo que ele tanto admira. E, claro, sua incrível capacidade de mixar diversas referências e tornar tudo tão compatível e contemporâneo. Isso sim é ser cool! Então, apesar de todo espetáculo que o cerca, continuo amando Marc Jacobs, afinal entender sua moda vai muito além de saber qual é a bolsa da temporada….