As primeiras notícias sobre o desfile da Dior acabam de pipocar na internet. O time de estilistas recebeu aplausos por uma coleção bem focada nos looks para o dia usando aventais brancos, como os antigos couturiers faziam, e Sidney Toledano, CEO da Dior, fez um discurso antes do desfile (leia-o na íntegra), condenando as declarações de John Galliano, apesar de “seu brilhante talento”. Por enquanto, não há pressa de nomear um novo diretor criativo mas as apostas não param: Riccardo Tisci, Stefano Pilati, Hedi Slimane, Alber Elbaz e Haider Ackermann são só alguns estilistas que aparentemente estão no páreo. Acredito que a escolha vai ser tão surpreendente quanto a nomeação de John Galliano, há 14 anos. Os danos à imagem da Dior são passageiros e provavelmente toda a publicidade gerada na última semana não deve demorar a ser revertida em vendas.
Já os danos à marca John Galliano são muito mais sérios e, talvez, irreversíveis. Até hoje, dentro do jogo dos conglomerados, um estilista só sai de sua marca quando morre (caso de Alexander McQueen), resolve se aposentar, por bem ou por mal (como Hubert de Givenchy, Yves Saint Laurent e Valentino) ou se desentende seriamente com os executivos do conglomerado que comprou a grife (caso de Helmut Lang e Jil Sander). A situação de Galliano não se assemelha a nenhuma delas e, para piorar, ele será julgado pela justiça francesa por crime de racismo.
Seu desfile, programado para domingo, foi substituído por uma apresentação para compradores e editores num showroom. E aí vem a grande questão: por mais que várias editoras reconheçam seu talento, quem vai se arriscar a estampar uma peça by Jonh Galliano sob o risco da revista perder anunciantes e leitores? Mensagens de boicote já se espalham por toda a internet e mesmo com toda a volatilidade da moda, que costuma perdoar facilmente quem tem problema com álcool e drogas, a questão desta vez é bem mais profunda, pois Galliano não agiu de forma a prejudicar ele mesmo (como, por exemplo, Kate Moss ao ser flagrada cheirando cocaína), mas com atitudes que ofendem milhões de pessoas. O desfecho do triste episódio está nas mãos do tempo e de um excelente time de advogados e relações públicas…