Exposições de moda em museus não são mais novidade há muito tempo – e são receita de sucesso garantida, basta ver a mostra de Alexander McQueen no Metropolitan este ano! Por isso, um museu inteiro dedicado a uma marca pode ser a próxima grande estratégia das grifes de luxo para reafirmar seu heritage e atrair mais consumidores.
O museu da Gucci, recém-inaugurado em Florença como parte das comemorações pelos 90 anos da empresa, é um bom exemplo da fusão entre arte e moda. O prédio de três andares fica no Palazzo della Mercanzia, na Piazza Signoria, perto do famoso Palazzo Vechio e do Davi de Michelangelo. Cada andar é dividido em seções, com temas que retratam os valores difundidos pela Gucci desde a sua criação por Guccio Gucci, em 1921.
Há uma sala só para as malas, já que foi trabalhando no Hotel Savoy, em Londres, que Guccio viu a oportunidade de abrir um negócio que atendesse aos viajantes; outra para as icônicas bolsas com as listras em vermelho e verde e os monogramas GG, e para o modelo Bamboo (com alças de bambu), um dos primeiros clássicos da grife.
O famoso desenho Flora, lançando nos anos 60 num lenço para Grace Kelly, ganhou diferentes versões e foi parar até em cerâmicas! Já a relação da Gucci com o show business está representada em vídeos e fotos de estrelas como Elizabeth Taylor e Maria Callas ou vestidos como o que Hilary Swank usou no Oscar deste ano.
Também há uma seção dedicada aos esportes, com itens que vão de acessórios para equitação, passando por tacos de golfe, raquetes de tênis e até pranchas de surfe! É claro que não podiam faltar uma livraria (em parceria com a Rizzoli), um café e uma “lojinha” com itens especialmente criados por Frida Giannini.
Por falar na estilista da marca, faltou um espaço que mostrasse o trabalho dos responsáveis pelo estilo da Gucci. Não há menção alguma a ela, muito menos a Tom Ford e aos membros da família que criaram clássicos como o mocassim com as fivelas de metal.
Talvez a intenção fosse deixar as personalidades de lado e focar mesmo no que a grife representa para a moda. E para estreitar ainda mais a relação com a arte, estão programadas mostras de obras contemporâneas emprestadas do acervo da Pinault Foundation, família dona do conglomerado PPR, que controla a Gucci e outras marcas. Ah! 50% do valor dos ingressos irá ajudar na restauração de monumentos florentinos. De qualquer forma, a estratégia de branding é mais que admirável, afinal agora você vai à Florença pra ver o Palácio dos Médici, o Davi, as obras de Sandro Botticelli… e a moda da Gucci!