O Passado É o Futuro

Por que a moda adora o passado? Já me fiz esta pergunta várias vezes, tanto que escrevi monografia de pós-graduação sobre o fenômeno vintage e postei algumas colunas sobre o tema. Além das releituras constantes das décadas, o resgate do passado também aparece em reedições de linhas de algumas grifes e no renascimento de marcas adormecidas.

Jean Patou e suas clientes

A notícia que a Elsa Schiaparelli será relançada é mais um exemplo deste caso de amor nostálgico. Vionnet e Worth são dois outros casos recentes, assim como a Roger Vivier (renascida em 2002) e a Moynat (grife de acessórios de viagem fundada em 1849 e revivida pelo LVMH). Dizem que a Mainbocher também deve voltar à ativa. Fiquem de olho também em nomes como Piguet, Jacques Fath, Jean Patou, Paul Poiret, Jeanne Paquin

Jacques Fath dando os últimos toques em um vestido, nos anos 50

Mas por que afinal este interesse? É simples: ao reviver uma marca que carrega uma história, certos valores já estão intrinsecamente agregados a ela. O cliente pode não ter profundos conhecimentos de moda, mas só de saber que está em contato com uma marca (quase) centenária já a associa com glamour, exclusividade e heritage. Dentro da empresa, é bem mais fácil para as equipes redefinirem um estilo e pensarem em estratégias de branding, marketing e comunicação quando há um passado a se resgatar e todo um imaginário à disposição.


Precisa de mais argumentos? Então é só lembrar o filme “Meia-noite em Paris”, do Woody Allen. Para o personagem de Owen Wilson, a cidade-luz era muito mais interessante nos anos 20, enquanto que para Marion Cottillard, que vivia neles, a Belle Époque era o melhor dos tempos. Resumindo: aquilo que não vivemos é sempre cobiçado e super valorizado. E não é assim que a moda funciona?

Ps: Mais argumentos nesta coluna do Business of Fashion falando sobre o poder do Met Ball em gerar divulgação para as marcas de moda.

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