Por que a Moda Adora o Passado?

Quantas vezes você ouviu uma pessoa mais velha dizer “isso se usava no meu tempo”? Este “meu tempo” vem carregado sempre de uma certa nostalgia e propriedade, afinal quem usou uma vez, vai saber usar de novo. O fato é que as releituras da moda não são novidade para ninguém e desde a década de 90, entra ano, sai ano e o passado ganha incessantes releituras.

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A linha Edition 24 da YSL na Dover Street Market, em Londres

Só que desde o início do século XXI, as releituras não foram mais suficientes. Os verdadeiros conhecedores da moda precisavam “beber da fonte” original, ou seja, garimpar ou leiloar peças vintage, aquelas super valorizadas e caras que elevaram certas roupas a valores de obras de arte. A tendência vintage serviu não só para distinguir o estilo pessoal como também contribuiu para a (re)valorização de marcas e estilistas do passado. Quanto mais história, quanto mais raridade e tradição, melhor.

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À esquerda, vestido da Balenciaga do outono de 1962. À direita, a réplica.

Ao perceber isso, algumas grifes começaram a reeditar coleções antigas, vendendo como vintage o que na verdade é uma releitura (as peças são iguais, mas feitas com tecidos produzidos atualmente). Assim, as tradicionais lojas inglesas Marks & Spencer e Jaeger, que estão celebrando 125 anos, reeditaram peças do seu arquivo como parte das comemorações, a Dolce & Gabbana tem uma linha de reedições de seus clássicos dos anos 80, a Balenciaga tem a Editions com réplicas de vestidos de alta-costura , a Jil Sander a Iconic Items, a Pucci a Vintage Classics e a Yves Saint Laurent a Edition 24, uma linha com reedições dos primeiros trabalhos de Stefano Pilati e também das icônicas criações do mestre Yves. Já nos acessórios, o sucesso do relançamento da Chanel 2.55 resume o desejo por esses clássicos.

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Por trás de todo este interesse, há uma explicação simples: o consumidor atual precisa de artifícios extras para comprar. Principalmente quando o assunto é mercado de luxo algumas palavrinhas devem vir “embutidas” na etiqueta do preço: tradição, história, herança. Estes são os termos que estão influenciando o consumo atual e não podem mais ser ignorados. As marcas precisam exibir seu histórico, sua identidade e essência. Adquirir um produto com um design que um dia foi revolucionário ou tornou-se icônico está no topo da lista de exigências do confuso e receoso consumidor destes tempos de crise. E para aliviar estas dúvidas, nada melhor que uma peça cheia de história para contar…


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