Uma das qualidades mais admiráveis de Miuccia Prada é a sua coragem. Sim, é preciso coragem para desafiar certas leis da moda e criar uma coleção recheada de elementos deliberadamente “envelhecedores”. Porém, em uma análise mais detalhada, aqueles mesmos tecidos pesados revelam uma sensualidade enigmática, mostrada em pequenas doses, como nos casacos que deixavam os ombros à mostra, nos cardigãs mal abotoados por baixo dos vestidos e nas transparências sob casacos de pele. Além disso, o batom vermelho e os olhos levemente borrados, e o cabelo molhado são indícios que essa mulher andou “aprontando” por aí…
Uma empresa que teve 29% de crescimento só em 2012, totalizando mais de 4 bilhões de euros em vendas pode se dar ao luxo de causar estranheza. No caso da Prada, a estranheza faz parte do fascínio pela grife, e nesta coleção ela estava na silhueta excessivamente retrô dos primeiros looks, nos tweeds pesados, nas mangas volumosas, na mistura de materiais e nas plataformas que não favorecem o andar.
No entanto, ao “quebrar” os modelos, encontramos vestidos usáveis, casacos de couro ou pele de corte impecável, tailleurs perfeitamente comerciais. Junte a isso, cintos de metal, saltos nada óbvios e bolsas em formato meia lua, ou melhor, maxi-nécessaires, e o mistério está resolvido: o que a mulher Prada gosta mesmo é de mostrar como as aparências enganam!
Ps: a projeção usada como cenário, com bichos e uma mulher se mexendo foi igualmente impactante. Vale a pena ver de novo em www.prada.com