Viktor & Rolf: saias de tule cortadas foram a reposta dos estilistas para o corte de gastos que a crise econômica forçou. Sempre irônicos e incríveis, a dupla mostrou a aplicações de tules em lugares inusitados: como mangas, nas laterais dos quadris ou pelo vestido inteiro. Mas por trás de tanto conceito, havia espaço para peças usáveis, como os mini vestidos de cetins, os boleros-quimono e as calças molengas. Os looks finais eram verdadeiras esculturas de tule e por si só já valeram o espetáculo. Bravo!
Jean Paul Gaultier: numa temporada em que a lingerie é tendência dominante é claro que o inventor dos corselets expostos (Madonna, Blonde Ambition?) não poderia ficar de fora e batizou sua coleção de “Ponto G”. O desfile abriu com jeans, em macacões com o famoso cone estilizado e seguiu com toques militares e esportivos em peças sobrepostas, meias coloridas, coturnos e tecidos mais leves, como o cetim. No final, muito laranja e amarelo em looks listrados e a irreverência habitual de JPG.
Comme des Garçons: parecia uma grande colagem: de idéias, cores e materiais, com muitas sobreposições, estampas de florais japoneses, poás, ciclistas sobre meias, babados, jaquetas assimétricas, muito preto e nude, mini saias pregueadas de bainha inacabada e couro sobre camisolas. Rei Kawakubo em sua melhor forma.
Loewe: Stuart Vevers tinha o desafio de trazer uma grife de couro, famosa pelos acessórios, para o século XXI e com uma coleção de primavera. Sua estratégia foi manter o couro (e a camurça) nos detalhes e trabalhar looks esportivos e bem jovens. A cartela misturava nude ao laranja, verde militar e pink. É um caminho promissor.
Ann Demeulemeester: a estilista trabalhou seu típico estilo gótico com muito preto, blazers de couro, zíperes, franjas de metais e como máscaras tipo futebol americano. Um pouco de sensualidade apareceu nos bustiês. Para contrastar, estampas de penas de pássaros.
Sophia Kokosalaki: seus típicos vestidos-deusa ganharam as ruas e materiais como piquê. Looks menos étnicos apareceram sob a forma de vestidos curtos de cintura marcada, shorts, mini balonês, corselets, transparências e muitos drapeados, plissados e enrugados.
Cacharel: em sua estréia na marca, Cédric Charlier investiu numa coleção mais esportiva, com muitas chemisiers brancas, vestidos de algodão, shorts e suéteres em tons nude. As estampas florais e abstratas apareceram na parte final.
Haider Ackermann: a coleção teve toques altamente sensuais sem nada explicito, graças aos decotes e vazados estratégicos dos vestidos e blusas. No mais, interessantes exercícios de sobreposições e volumes controlados que na vida real podem funcionar perfeitamente em peças isoladas. Na cartela, tons escuros de preto e marrom, além de amarelo, azul e cinza.
Junya Watanabe: a especialidade do estilista, o corte de alfaiataria, estava bem visível na ótima coleção com terninhos, camisas, blazers, leggings e estampas gráficas em preto e branco.