O turbilhão criativo do trabalho de Alexandre Herchcovitch continua a me surpreender. Para este inverno, o estilista buscou em Ingmar Bergman e seu filme de 1956, O Último Selo, as imagens e o pano de fundo para uma coleção coesa e muito bem trabalhada. No filme a personagem principal (vivida pelo ator Max von Sydow) se depara com a Morte e tenta ganhar tempo e entender o sentido das aflições por que passa seu país através de um jogo de xadrez. Na coleção de Herchcovitch estas figuras ganham vida novamente através da maquiagem de caveira dos modelos (símbolo icônico do estilista, estão lembrados?) e das roupas que possuem uma atmosfera noir, como no longa.
A alfaiataria é impecável como sempre e traz calças ora de corte reto e silhueta mais ajustada, ora de cortes mais amplos e com barra levemente afunilada. Lindos os trench coats com cinto unilateral, os casacos que também são capas, as capas que parecem ponchos. Os ternos são sequinhos, valorizando não apenas o corpo, como sua própria estamparia (xadrez em vermelho e preto, cinza e preto, listra, fundo preto e azul). As camisas apresentam golas menores. Bacanérrima a ideia de uma segunda camada transparente sobre calças e camisas.
Na parte mais casual, leggings emborrachadas ou trançadas, moletons com capuz, tricôs (um deles, grande, com tressé em lurex) e até um kilt. A cartela de cores tem no preto a cor fundamental, mas ela agrega toques de vermelho vibrante, azul noite, branco e cinza.
Fotos: Agência Fotosite