Escrever sobre um desfile de Ronaldo Fraga não é nada fácil. A cada coleção o estilista mergulha em um determinado tema tão profundamente que cada costura, cada detalhezinho da roupa vem cheio de significados atrelados. Desta vez, ele saiu um pouco da cultura brasileira e latina e explorou o trabalho de Pina Bausch, a alemã e musa de Fellini que era muito mais do que uma coreógrafa, segundo Ronaldo.
As roupas em seus desfiles são apenas um meio de expressão dentro de um contexto muito maior e aqui elas funcionam como instrumentos de reflexão sobre a infância, o luto e as memórias da vida, mas principalmente sobre a necessidade do ser humano de ser amado. Círculos de areia branca com cadeiras no meio funcionavam como holofotes onde os modelos rodavam antes de pararem para os fotógrafos. E quando paravam, seus rostos estavam cobertos por apliques de cabelo e nas costas havia máscaras, o que revelava que algumas roupas estavam vestidas de trás para frente, ou seja, havia um truque para despertar a capacidade de ter diferentes olhares…
A silhueta era alongada, porém com formas amplas e muitas sobreposições. Os casacos compridos de diferentes texturas abriram o desfile. O preto predominou até aparecer o ouro velho e, por fim, estampas digitais de flores e degradês de rosa, azul e laranja. Os looks femininos e masculinos se confundiam, em mais uma brincadeira do estilista. Emocionar e surpreender são palavras recorrentes em suas apresentações. Tomara que ele sempre siga assim!
Fotos: Agência Fotosite