Tom Ford Vai Revolucionar a Moda?

A New York Fashion Week ainda está no meio e a temporada de desfiles para a primavera/verão 2011 mal começou mas desde já temos um grande destaque: a volta de Tom Ford para a moda feminina. E aí vem a ironia: o desfile foi apresentado em sua loja na Madison Avenue, para apenas 100 convidados (só poderosos da indústria entre grandes editoras, compradores e amigos de Tom) e não há fotos de divulgação, só ilustrações de croquis e imagens tiradas por celulares, como as de Cathy Horyn.

Croqui do look usado por Rachel Feinstein, uma das amigas de Tom. A coleção ressaltou a invidualidade das mulheres, de todas as idades e tipos físicos

A má notícia é que os looks só aparecerão a partir de dezembro quando as celebridades vão ter as peças liberadas para o uso e o site tomford.com vai exibir um filme e imagens feitas por Terry Richardson. Em janeiro, as revistas vão mostrá-las em editoriais. Tudo isso para criar desejo nas consumidoras, que poderão comprar as roupas e acessórios somente nas lojas Tom Ford a partir de fevereiro (a linha de outono 2011 estará disponível na Bergdorf Goodman, Neiman Marcus e algumas outras lojas selecionadas). A boa notícia? Tom Ford pode revolucionar o sistema de moda frenético deste começo do século XXI.

Croqui para Lou Doillon. Julianne Moore, Rita Wilson, Lauren Hutton, Marisa Berenson, Beyoncé e modelos como Liya Kebede, Stella Tennant, Amber Valetta e Daria Werbowy também desfilaram, com Tom narrando look por look!

Como já falei aqui, o calendário de lançamentos do varejo anda mais louco do que nunca e nesta era em que tudo deve ser exibido em tempo real e acompanhado via Twitter, Facebook etc, parece que importa mais mostrar que se está em um desfile do que de fato prestar atenção nele. O principio serve para tudo que envolve a moda (e acredito outras áreas também). Por um lado, é ótimo o consumidor ter acesso e proximidade junto às suas marcas preferidas, mas por outro, o imediatismo e a sede por novidades constantes cria um ciclo vicioso e absolutamente cansativo. Vários estilistas, mais notoriamente Donna Karan, já reclamaram sobre esse sistema. Mas mudá-lo requer poder, influência e independência.

Tom Ford tem tudo isso (Donna Karan vendeu sua marca para o LVMH) e a vantagem de ter se afastado da moda feminina por seis anos. Este distanciamento foi fundamental para repensar um formato que na era Gucci e YSL ele tanto defendeu. Agora, ele não queria um monte de críticas em jornais – e sites, blogs e cia; não queria imagens rodando o mundo de roupas que só chegam no varejo daqui a meio ano e até lá já estarão saturadas pela internet. Enfim, ele queria individualidade, exclusividade, valor…luxo! Assim como Helmut Lang fez nos anos 90 quando modificou o calendário ao decidir desfilar em Nova York (que até então era a última etapa da temporada), Tom está forçando a indústria a se reinventar neste início de século XXI. Um novo case de branding nasceu e um novo capítulo da história da moda começa a ser escrito.

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