Na semana passada, o Instituto Rio Moda promoveu uma série de talk shows pra discutir os caminhos da sustentabilidade na moda, com a participação de profissionais como a indiana Kavita Pumar, fundadora do www.iouprojetc.com, o estilista Ronaldo Fraga, Tete Leal, da CoopaRoca e Pedro Ruffier, estilista da Movin.
O tema sempre me interessou e já escrevi algumas vezes aqui sobre iniciativas sustentáveis e bandeiras levantadas por várias marcas, de diversas formas – da exclusão de peles de Stella McCartney, aos jeans que usam menos água da Levi’s, passando pelo fair trade da Edun e os tecidos reciclados da TNG. A ecologia está na moda e não é difícil notar que a moda também se apropriou disso para fazer algumas ações de marketing. É por isso que o saldo do evento para mim foi pensar no conceito de uma forma bem abrangente e até mesmo cética.
Será que é possível falar em moda sustentável? A primeira contradição está na simples razão da moda existir: estimular nosso consumo. E consumir, como a gente sabe, não é sustentável pois gasta os recursos naturais. Ops…. Ok, mas dá pra comprar roupas e diminuir o impacto ambiental se elas forem feitas com algodão orgânico, tecidos reaproveitados e sem aditivos químicos. Mas aí podemos esbarrar no problema da logística e distribuição, pois para as peças chegarem às lojas precisam ser transportadas via avião, caminhão etc, ou seja, mais danos para o ambiente por causa da emissão de gás carbônico dos combustíveis. Isso também pode ser contornado com o plantio de árvores ou através de um planejamento inteligente. Enfim, existem soluções para amenizar os problemas.
Porém, nada disso adianta se não houver um interesse real da empresa em defender valores éticos. Do que adianta fazer campanhas sobre tecidos ecológicos e produtos sustentáveis se a cultura da marca não é essa? Se o tratamento dado aos funcionários não preserva a qualidade de vida e, principalmente, se não há respeito? Para mim, falar em sustentabilidade é assumir responsabilidades, é ser verdadeiro, é ter respeito pela natureza, pelas pessoas, é querer fazer o bem da forma mais genuína possível. E será que existe espaço no varejo de moda pra isso? Infelizmente, ainda não tenho respostas…
Ps: esta matéria no Editd também toca em pontos relevantes sobre o tema.