Tendências São Mesmo Coisa do Passado?

 

A matéria do New York Times que questionava a relevância das tendências diante do cenário atual da moda fez barulho na internet, na semana passada. Realmente tem sentido pensar que diante de propostas de milhares de marcas e com o volume absurdo de informações que o consumidor tem acesso diariamente, reduzir o que “está na moda” a 4 ou 5 temas por estação é complicado. Se formos pesquisar só o que os blogs publicam, por exemplo, chega-se à conclusão que tudo é tendência: cores vivas, pastel e neon, calça skinny, flare e cigarette, estampas e monocromia, vestidos estruturados e vestidos leves, saia longa, mini, midi… e por aí vai! Alguém vai ousar dizer que qualquer um desses itens está “fora de moda”? Então viva a democracia!

Mas se as tendências viraram mesmo coisa do passado, por que ainda vemos vitrines com produtos tão parecidos? E andamos nas ruas e encontramos pessoas que parecem “clonadas” com o mesmo look? No ano passado, questionei se era possível fugir das tendências depois de observar uma overdose de saias longas. Agora, faço a mesma pergunta diante da invasão da saia mullet. E o que dizer dos tênis “inspirados” no modelo da Isabel Marant? Tem muita gente que vai jurar que só usa porque gosta e porque combina com a sua personalidade… Ah, claro!

A discussão é longa mas pra sintetizar o assunto, acho que o artigo da Ruth La Ferla para o NYT pode ser bem compreendido entre os profissionais da moda, que por lidarem tanto com a antecipação das tendências já não se preocupam com elas no seu dia-a-dia. Outro ponto é a questão cultural: a relação com a moda nos países desenvolvidos, em geral, é muito mais ligada ao estilo pessoal. Aqui no Brasil, existe uma dependência de se guiar pelo que vem de fora, como se isso fosse aval de certo ou errado. Para as marcas, ainda é fundamental “pesquisar” as grifes internacionais (tanto de luxo quanto de fast fashion, que, aliás, costumam seguir tendências propostas pelos criadores) para ter competitividade nas coleções. Para as consumidoras, seguir as tendências é ter a segurança do pertencimento na hora de se vestir.

Enfim, o modo de encarar as tendências pode ter mudado, assim como a maneira de comunicar a moda se modificou. No entanto, dizer que elas são coisa do passado talvez só num futuro distante…

Obs: todas as imagens foram tiradas do Pinterest.

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