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Substituir o estilista fundador de uma marca, ainda mais quando ele está vivo, é uma das tarefas mais delicadas em termos de branding. Entre os cases mais recentes e dramáticos está o de Valentino. Por 45 anos, ele foi a cara e alma da grife, compartilhando com clientes – entre elas ícones como Jackie O. – um lifestyle de puro glamour entre festas em palácios, passeios de iate no Mediterrâneo e viagens em jatos particulares, com lugares cativos para os pugs de estimação. Se você assistiu ao documentário “Valentino: the Last Emperor”, que super recomendo, sabe bem do que estou falando. Sua aposentadoria, um pouco forçada mas celebrada com uma mega festa em Roma, coincidiu com a venda da Valentino Fashion Group S.p.A ao grupo Permira, em 2007, que por sua vez repassou a marca a uma holding do Qatar, a Mayhola for Investiments, cinco anos depois.
Apesar do afastamento, o estilista continuou acompanhando as coleções de perto e sua primeira substituta, Alessandra Facchinetti, não o agradou. No lugar dela, entraram Maria Grazia Chiuri e Pierpaulo Piccioli, que já eram responsáveis pelos acessórios. Desde 2009, a dupla tem trabalhado no rejuvenescimento da marca e atualizado a identidade com muitos vestidos de renda, bordados, florais e tons pastel, inspirados no Renascimento, no Barroco e até em contos de fada. Os acessórios receberam atenção extra e já representam metade das vendas, graças principalmente à linha Rockstud, cobiçada e copiada exaustivamente.
O approach da dupla deu tão certo que a grife atingiu a marca de $1 bilhão em receitas no fim de 2015, dois anos antes do esperado. O segredo do sucesso foi se manter fiel ao arquétipo do Amante, e fazer alterações no estilo sem comprometer a imagem da marca. Com isso, a essência de romance, feminilidade, glamour e sofisticação continua atraindo e inspirando gerações de mulheres.